Receba Samizdat em seu e-mail

Delivered by FeedBurner

quinta-feira, 20 de julho de 2017

Usurpando Drummond

Gérson
amava Teresa,
que amava Raimundo,
que amava Maria,
que amava Joaquim,
que amava Lili,
que amava Cris,
que amava Glória,
que amava Lúcia,
que acabou virando Lúcio,
para amar Maria Helena,
que amava Bruno,
que queria ser Bruna,
pois amava Charles,
que amava Beto,
que amava ao mesmo tempo Rui e Lídia,
que amava o marido Clóvis,
que amava a massagem prostática de Edmílson,
que amava Shirley,
que amava seu agente Camacho,
que amava os euros da Sra. D´Orleans e Bustamante,
que amava prevaricar com jardineiro Dalvan,
que amava sua esposa Dirce,
que amava Jesus,
que amava todos,
inclusive a endiabrada Salete,
que amava de uma vez só Rosina, Léa, Robson, e Genésio,
que amava futebol acima da própria noiva Melaine,
que amava acalentar o sonho casamenteiro da sua mãe Marinete,
que amava Nicanor, que nunca lhe deu bola na escola,
pois amava Mirtes,
que amava Luis,
que amava Luisa,
que amava Renato,
que amava ser Renata,
que acabou espancada, esfaqueada e morta por Jorge,
que amava acreditar em limpar o mundo
de Renatos que amam ser Renatas,
mas que no fundo, no fundo,
amava
Gérson.


Share


José Guilherme Vereza
Carioca, botafoguense, pai de 4 filhos. Redator, publicitário, professor, roteirista, escritor, diretor de criação. Mais de mil comercias para TV e cinema. Uma peça de teatro: “Uma carta de adeus”. Um conto premiado: “Relações Postais”. Um livro publicado “30 segundos – Contos Expressos”. Mais de 3 anos na Samizdat. Sempre à espreita da vida, consigo modesta e pretensiosamente transformar em ficção tudo que vejo. Ou acho que vejo. Ou que gostaria de ver. Ou que imagino que vejo. Ou que nem vejo. Passou pelos meus radares, conto, distorço, maldigo, faço e aconteço. Palavras são para isso. Para se fingir viver de tudo e de verdade.
todo dia 20


0 comentários:

Postar um comentário