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domingo, 20 de novembro de 2016

SOBRE VIZINHOS E OS TEMPOS

        (Prosa minimalista de Rui Sá, o contista 
econômico nas palavras. Ou preguiçoso. Como queiram.)

Surge o caipira furioso gritando na cerca do vizinho.
- Desgraçado! Você roubou minha galinha!

Bate no portão da vizinha, a senhora ensandecida.
- Eu te emprestei açúcar e você roubou meu açucareiro!

Toca a campainha do vizinho o rapaz endiabrado.
- Você roubou minha noiva!

Liga o interfone nervoso para o apartamento do vizinho.
- Você roubou o meu Wi-Fi!
O vizinho baixou a cabeça e silenciou com um sorriso
enviesado.
- Fala alguma coisa! Como descobriu minha senha?
- Foi a galinha da sua mulher que sempre aparece 
me pedindo açúcar.

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José Guilherme Vereza
Carioca, botafoguense, pai de 4 filhos. Redator, publicitário, professor, roteirista, escritor, diretor de criação. Mais de mil comercias para TV e cinema. Uma peça de teatro: “Uma carta de adeus”. Um conto premiado: “Relações Postais”. Um livro publicado “30 segundos – Contos Expressos”. Mais de 3 anos na Samizdat. Sempre à espreita da vida, consigo modesta e pretensiosamente transformar em ficção tudo que vejo. Ou acho que vejo. Ou que gostaria de ver. Ou que imagino que vejo. Ou que nem vejo. Passou pelos meus radares, conto, distorço, maldigo, faço e aconteço. Palavras são para isso. Para se fingir viver de tudo e de verdade.
todo dia 20


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