Dois poemas de Juliana Meira








avó Iza
tinha mãos magrinhas
e gesticulava
entre o nada e a sala

enquanto acarinhava os netos
xingava em voz baixa
as vozes que só ela
alcançava

menina ainda
mamãe me deu aquela trágica
palavra esquisita
e s q u i z o f r e n i a


.


tento pintar
a memória

revisito traços
jogo tanta tinta fora

sustento ideias que
estão só na minha

fundo cor de gelo
faço cor de pérola

talvez mais
carvão

vou tingir de chão
toda atmosfera




Juliana Meira, poema pássaro, Editora Patuá, 2015.

Comentários