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domingo, 4 de outubro de 2015

Mania de inglês: os favoritos para o Nobel

Numa crônica de 15 de maio de 1863, Machado de Assis escreveu:


Os ingleses têm, entre outras manias, a mania de grandes e singulares apostas. Não menos ingleses foram muitos dos nossos políticos que, confiado cada qual na sua impressão ou na sua esperança, lançaram-se aventura e ao azar da fortuna. 

Os ingleses apostam de tudo. Apostam no futebol, no rúgbi, no cricket. E apostam, também, para a premiação do Nobel de Literatura, mantendo sua tradição de eficiência.

Em 2014, Modiano não figurava entre os 10 mais cotados, mas Alice Munro estava em 6º em 2013, e Mo Yan, o 4º em 2012. O que torna a lista da casa de apostas Ladbrokes uma fonte interessante e razoável a chance do Nobel de Literatura de 2015, que deve ser anunciado nesta quinta-feira,  ser um dos onze .

Não podemos, no entanto, confundir as coisas: a Ladbrokes não traz análises críticas e considerações literárias: é uma casa de apostas.

1. Svetlana Aleksijevitj, nascida na Ucrânia mas bielorrussa (a última ditadura escancarada da Europa; pode "pega bem" premiá-la) - paga 5/1.

2. Murakami (sempre ele; nunca me animou - comentário que me torna uma pessoa desqualificada em diversos ambientes)

3. Ngugi Wa Thiong'o (o impronunciável queniano vem frequentando a lista nos últimos anos, esteve em Paraty; ligado aos movimentos anticolonialistas)

4. Philip Roth (era o 9º em 2014)

5. Joyce Carol Oates (ou JCO, como é conhecida a americana; nunca li nada dela)

6. John Banville, consagrado por O Mar (que não li); dono de uma prosa extremamente sofisticada e de agradável leitura. Li com muito prazer Luz Antiga e Os Invencíveis. Seu nome, que nem entre os 10 estava, pulou para o sexto luga.

7. Jon Fosse (norueguês, seu nome cresceu na última semana).

8. Adonis (poeta sírio e que, por isso mesmo, tem grande chance. Considerado um grande renovador da poesia árabe)

9. Ismail Kadaré (albanês, Dossiê H é incrível; li também Crônica da Pedra, igualmente muito bom)

10 Ko Un (coreano); paga

Peter Handke e Amós Oz, israelense que consegue irritar esquerdas e direitas, estão em 11º e 12º.

Pessoalmente, acho que Roth poderia dar a honra à Academia Sueca de premiá-lo. Talvez ela mereça. 

Notou a ausência de brasileiros? O Brasil "indicou" Moniz Bandeira, que não é literato. Acho que o segundo escritor em língua portuguesa a ser premiado será o Mia Couto.

O que você pensa da lista? Quem você acha que leva este ano - e quem você acha que deveria ganhar este ano?

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Fabio Bensoussan
Nasceu no Rio de Janeiro (1973) e hoje mora em Belo Horizonte, com sua esposa e os dois filhos. É procurador da Fazenda Nacional e recentemente começou a escrever contos e a traduzir textos literários.
todo dia 04


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