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sábado, 23 de agosto de 2014

Por uma estética da vida ou o que diabos seja isso

Eu não costumo, ou melhor, não tenho o hábito de escrever sobre acontecimentos pessoais quando se trata de literatura. 

Acredito que tal comportamento foi uma artimanha que  desenvolví para me afastar das minhas emoções pessoais do texto e fugir de alguma maneira dos desabafos pessoais.

É que vim de uma escola em que todos escreviam poesias. Ou pelo menos é o que achávamos que fazíamos, quando na realidade apenas expressávamos  nossos sentimentos por meio da escrita.  

Depositávamos nossas angústias,  nossas decepções e sofrimento em uma folha qualquer, distribuindo as sentenças ente estrofes,  versos e rimas.

Não nos condenem. Éramos frutos de um pensamento romântico,  no qual o ideal de amor era morrer por ele, sem pensar nas consequências, e viver plenamente o dia, bem ao estilo da máxima do carpem diem.

A expressão não foi cunhada no romantismo, mas foi nesse período que a frase imortalizada do poeta latino se disseminou por toda a Europa.

Modernamente a maioria de nós a conhecem graças ao filme "Sociedade dos Poetas Mortos".

Foi por meio desse filme que eu  e alguns amigos tivemos contato com essa máxima e  com um nome do romantismo inglês que não seguia regras: Lord Byron.

Byron foi a minha personificação de poeta.  Deixava se levar pelo seu cotidiano, pelas suas aventuras e desventuras para simplesmente criar o seu trabalho, sua arte.

Poderia listar uma série de qualidades desse poeta, também poderia listar uma série se críticas, seja como poeta ou como pessoa. Porém quero me focar em duas coisas que a partir da experiência do Byron eu tenho tentado incorporar.

A primeira  refere-se ao trabalho de afastar se do texto para então entender aquelas emoções que sentimos não apenas como nós, mas como o outro sente.

É nesse afastamento de entender o  outro que acredito esteja a grande contribuição e o grande legado,  se é que existe algum,  da literatura,  seja para quem escreve ou para quem lê.

A segunda trata-se das conexões com as pessoas que o Byron desenvolveu ao longo de sua vida.  Seja por meio das reuniões literárias,  como aquela em que deu origem a um conto e depois transformou-se em um famoso romance: Frankstein; ou por meio de suas cartas.

E para muitos,  é justamente nas cartas, que Byron criou o seu grande trabalho. Para mim, era justamente por meio das cartas que ele se entregava de corpo, alma e técnica. 


As cartas de Byron são um dos melhores exemplos que tenho na literatura de entrega completa de um autor para os outros.

Em geral acredito que todo escritor se entrega ao oficio da escrita com seriedade,  mas as vezes a técnica ganha mais empenho do as emoções. 

E a vida precisa de emoções. Uma estética bem trabalhada tem isso em mente,  mas eu não tinha.

Talvez ainda não tenha, mas com as conexões pessoais e literárias dessa semana, em comece a pensar em um outro caminho para viver, no qual há um equilíbrio mais sensato entre emoção e técnica.

E talvez nesse processo de uma nova estética da vida eu entenda melhor o valor real que sejam as conexões pessoais que travamos e a relação direta ou não tão direta com a técnica que empregamos.

Talvez apenas o que eu queira dizer é que viver é uma arte e que todos nós,  de um jeito ou de outro,  somos artistas,  mesmo que às vezes a gente confunda as coisas escrevendo sobre a nossas dores acreditando que fazemos literatura.

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