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segunda-feira, 28 de abril de 2014

Hoje eu não quero escrever


Hoje, não.

Nenhuma palavra sobre certa “pensadora contemporânea” (assim chamada por certo professor de filosofia – e a suposta intenção de ironia não disfarça a frivolidade da iniciativa), que pensa com outra parte da anatomia que não o cérebro.

Silêncio total sobre outro pensador contemporâneo que, crivado de lauréis acadêmicos, desfolha por aí seu conservadorismo abjeto. Eu pergunto: como pode? Alguém me responde?

Perda de tempo escrever sobre a falsa guinada à direita de um jovem cronista. A manobra acabou arrastando uma massa (ou malta?) de reacionários mal disfarçados que se apressou em comentários de adesão. O jovem cronista, atônito com a multiplicação dos comentários a favor, se viu compelido a confessar o óbvio: o texto teve o só propósito de um ultraje a rigor.

Longe de mim escrever sobre os novos censores, artistas antes tidos como arautos da liberdade e para quem era proibido proibir.

Ridículo pensar em escrever sobre os uivos de um lobobão, que ataca tudo e todos com nada de consistência argumentativa e farto blablablá verborrágico.

Minha caneta não quer gastar tinta escrevendo sobre a dinastia de sertanejos e assemelhados que se entronizou em todos os palcos, inundando-os de lepo-lepos, tchê-tchererê-tchê-tchês, tchu-tchás, bará-bará-barás, berê-berê-berês e outras bizarrices onomatopaicas.

Minha gasta e parca inteligência se recusa a escrever sobre brothers alçados à condição de heróis. Heróis de quê, meu Deus? O mais que fazem tais heróis é modorrar no hedonismo e no ócio.

Não vale a pena escrever sobre celebridades que pululam em todas as telas, sem qualquer pudor de exibir o oco que as preenche.

Nem pensar em escrever sobre o pão nosso de cada dia recheado de escândalos, corrupção, violência.

Não.

Diante dessa pauta “palpitante” de assuntos, hoje eu prefiro o silêncio.


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