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sexta-feira, 12 de outubro de 2012

A MOÇA DO METRÔ

O que será que a moça do metrô carrega
com seu olhar triste e testa enrugada?
Não sei, mas reparo que nada do que acontece
tira-lhe essa nuvem da cara.
Será apenas sono ou mais um abandono?
É manhã e chove.
Olhares nublados se cruzam na multidão.
O que leva toda essa gente no coração?
Muita conta pra pagar, necessidade de descanso
e um conformismo manso diante da vida bandida?
Onde vai parar esse trem da vida?


O METRÔ DOS SONHOS

Eu queria que o metrô chegasse
a todos os destinos.
Ele poderia me levar até o menino
que ainda não sabe quem sou eu.
Se ele não sabe, nem eu,
mas o fato é que o metrô
poderia me transportar
praquele lugar onde escritores
sobrevivem de seus textos.
Os trilhos ferroviários
poderiam entrar no eixo,
como disse o Freixo:
“na pauta das cidades”.
O metrô é o meio mais rápido
para matar a saudade.
O metrô poderia me levar pra Serra,
para ver meu pai.
"Feriado na Região dos Lagos?
O metrô vai."
Já pensou se fosse?
Com metrô onipresente
minha vida seria mais doce
e mais alcoólica também.
Eu poderia beber e não dirigir.
Sem ter que gastar uma grana
com aqueles carros amarelos.
Desculpa, táxi, mas com metrô,
meu mundo seria mais belo
e meu bolso, mais feliz.
Metrô no Brasil todo
é tudo que eu sempre quis.

(Mariana Valle)

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1 comentários:

Seus textos sempre escritos com a verdade de quem olha nos olhos e também dentro das pessoas. Simples, sem subterfúgios e, no entanto, tão repletos sentimento. Eu gosto do seu conjunto, da pessoa que a gente sente atrás do texto.

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