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terça-feira, 17 de janeiro de 2012

PIANO SÓ(NETO)


sons puros tintos de preto e branco
escancaro diante deles as janelas da alma
deixo que venham, que entrem, que passem
pelos meus mais escuros cantos

notas noturnas, acordes perfeitos
me iluminam na aurora antecipada
aquecem o que em mim já quase morria
de frio, solidão, incerteza ou medo

vibrações leves, trinados, legatos
dedos mágicos sobrevoam o teclado
espuma suave que avança scherzando

melancólico piano que me habita
grita ao mundo minha dissonante melodia
antes que rebentem as cordas do desejo




marcia szajnbok

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4 comentários:

estas poesias sóbrias, deslizantes, carregadas de vida

Eu estudei piano clássico por sete anos. Faz muitos, muitos anos que parei, mas até hoje sou apaixonada por um piano. Para mim, é um dos instrumentos mais belos, mais sofridos, mais intensos. Seu poema traduziu isso tão bem que, em alguns momentos, eu "ouvi" o lamento.

Perdão, soneto... Como não é a minha praia, acabei chamando de poema! Só depois atentei para o título e para o 4,4,3,3. Poema ou soneto, igualmente forte.

Adorei! AI via um meu :
Piano: me amarrar em você...



meus dedos e laços e braços e traços: anzóis


Notas perdidas,
permitidas
e dadas:
amadas.
dedo a dedo
pé a pé
compasso interminável:
sem barras o sol se prolonga...
pausa
eu mi bemol
e ritornello.
Sara Meynard.

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