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sexta-feira, 11 de junho de 2010

dois poemas desvairados

guerras

Maria de Fátima
estavam quatro homens debaixo da janela do meu quarto
quatro
quatro soldados armados de espingarda
quatro homens fardados

pendurada na parede do meu quarto havia uma aguarela
um desenho pintado de um gato siamês

cada soldado disparou uma bala
quatro
caiu a aguarela da parede
caiu esfacelado o gato com dois olhos verdes

entro no quarto e vejo a última bala
uma bala a dançar em redor do que sobrou do gato





viagens



Eu gostava de ter um barco
Que rumasse a norte
Um barco e um mapa

Eu gostava de ser comandante
De uma frota
Vários barcos e o meu adiante
Andar com bandeirinhas
Acenando
“Olá! Como foi o almoço”
E responder-me uma dama
No barco lá ao fundo
“ Vomitei tudo!”

Um barco para andar
De vento em popa
A passar ao largo
Algarismos, cotas, ramais
As letras e os números


Um barco que fosse
De uma a outra costa
Atravessando o mapa
A desfilar na tinta


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