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domingo, 18 de abril de 2010

Quando a natureza precisa intervir, quem são os culpados? Giselle Sato

Tanta dor, a tristeza se funde ao cinza que cobre a cidade, antes azul, amarela, verde em aquarela. Hoje não estamos sorrindo como antes, em cada coração, perdas e solidariedade.

O Rio de Janeiro, boêmio e despreocupado, descarta a imagem preguiçosa, arregaça as mangas e segue adiante: Cobra respostas, busca a verdade sem medo, aponta o dedo e acusa. Sabe que a ameaça paira do nosso lado, o cenário é quase idêntico, basta olhar nossos morros. Há perigo nas encostas, existem pessoas morando nas casinhas penduradas, são vidas sem opção.

Como todo carioca, sinto Niterói como a irmã que a gente implica, mas ama tanto, tanto, que sofremos juntos, queremos proteger e não existimos sem ela. Rio, Niterói e outras cidades da família Brasil, tiveram as feridas expostas.

O lixo foi revirado e as imagens, que o mundo assistiu, foram no mínimo vergonhosa. Ao admitir, nem digo permitir, a construção de moradias em cima de um lixão, quem escondeu as doenças causadas pelo churume, escorrendo pelas calçadas? E foram apresentados tantos estudos, o perigo foi apontado, e nada foi feito.
Porque obras foram realizadas, ruas abertas, estimulando novos moradores? São tantas perguntas no vazio.

As águas, o vento, a natureza enfim, mostrou ao homem, os danos que ele mesmo causou. É hora de atitudes, de estender a mão e tratar com respeito quem não tem mais onde morar.

Não serão paliativos que mudarão a vida desta gente. Precisamos de compromisso, é um direito mínimo ter moradia, alimento, educação e saúde.
Mas nem todos conseguem, não há emprego, oportunidade, o caminho de cada um é muito diferente. Meu manifesto é a palavra, as únicas armas que possuo estão aqui, e é através da mensagem que deposito a esperança.

Eu quero um mundo melhor e mais justo e creio que o ser humano é capaz. Se perder a fé nestes valores, não haverá o menor sentido em existir e vou sucumbir no desespero.

Mas sou antes de tudo, brasileira, e mesmo à deriva, o porto que busco existe. Eu sei, faço desta certeza o alicerce e é lá que espero aportar, neste imenso navio-nação. Um dia.

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