Receba Samizdat em seu e-mail

Delivered by FeedBurner

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Canção de Carnaval

Canção de Carnaval

Rubén Darío
trad.: Henry Alfred Bugalho

Musa, à máscara apronta,
Ensaia um ar jovial
E goza e ri na festa
do Carnaval.

Ri na dança que gira,
mostra a perna rosada,
E soa, como uma lira,
Tua gargalhada.

Para voar mais ligeira
Ponha duas pétalas de rosa,
Como faz tua companheira
A mariposa.

E que em tua boca risonha,
que se une ao alegre coro,
deixe a abelha portenha
seu mel de ouro.

Una-te à mascarada,
enquanto imita um clown
com a face pintada
como Frank Brown;

Enquanto Alerquim revela
que ao prisma seus tons rouba
e aparece Pulcinella
com sua corcova,

diga à Colombina a bela
o que dela penso,
e a uma garrafa desarrolha
para Pierrô.

Que ele te conte como rima
seus amores com a Lua
e te faça um poema em uma
pantomima.

Dá ao ar a serenata,
toca o áureo bandolim,
Leva um látego de prata
para o spleen.

Seja lírica e seja bizarra;
com a cítara seja grega;
ou gaúcha, com a guitarra
de Santos Vega.

Move teu esplêndico torso
pelas ruas pitorescas,
e joga e adorna o Corso
com rosas frescas.

De pérolas rega um tesouro
de Andrade no régio ninho
e na beca de Guido,
pó de ouro.

Penas e aflições olvida,
canta deleites e amores;
busca a flor das flores
pela Florida:

Com a harmonia te encantas
das rimas de cristal,
e desfolha de suas plantas
um madrigal.

Pirueteia, baila, inspira
versos loucos e joviais;
celebre a alegre lira
os carnavais.

Seus gritos e suas canções,
seus comparsas e seus trajes,
suas pérolas, tons e rendas
E pompons.

E leve a rápida brisa,
sonora, argentina, fresca,
a vitória de tua risada
funambulesca!

***

Canción de Carnaval
Rubén Darío

Musa, la máscara apresta,
ensaya un aire jovial
y goza y ríe en la fiesta
del Carnaval.

Ríe en la danza que gira,
muestra la pierna rosada,
y suene, como una lira,
tu carcajada.

Para volar más ligera
ponte dos hojas de rosa,
como hace tu compañera
la mariposa.

Y que en tu boca risueña,
que se une al alegre coro,
deje la abeja porteña
su miel de oro.

Únete a la mascarada,
y mientras muequea un clown
con la faz pintarrajeada
como Frank Brown;

mientras Arlequín revela
que al prisma sus tintes roba
y aparece Pulchinela
con su joroba,

di a Colombina la bella
lo que de ella pienso yo,
y descorcha una botella
para Pierrot.

Que él te cuente cómo rima
sus amores con la Luna
y te haga un poema en una
pantomima.

Da al aire la serenata,
toca el auro bandolín,
lleva un látigo de plata
para el spleen.

Sé lírica y sé bizarra;
con la cítara sé griega;
o gaucha, con la guitarra
de Santos Vega.

Mueve tu espléndido torso
por las calles pintorescas,
y juega y adorna el Corso
con rosas frescas.

De perlas riega un tesoro
de Andrade en el regio nido,
y en la hopalanda de Guido,
polvo de oro.

Penas y duelos olvida,
canta deleites y amores;
busca la flor de las flores
por Florida:

Con la armonía te encantas
de las rimas de cristal,
y deshojas a sus plantas,
un madrigal.

Piruetea, baila, inspira
versos locos y joviales;
celebre la alegre lira
los carnavales.

Sus gritos y sus canciones,
sus comparsas y sus trajes,
sus perlas, tintes y encajes
y pompones.

Y lleve la rauda brisa,
sonora, argentina, fresca,
¡la victoria de tu risa
funambulesca!

fonte: http://www.encarnaval.com/Literatura/canciondecarnavalDario.asp

***

Sobre o autor
Rubén Darío

(Metapa, atualmente Ciudad Darío, 1867 - León, Nicarágua, 1916).

Poeta nicaraguano. Na sua juventude, Rubén Darío viaja por São Salvador, Chile e Argentina, onde lê e assimila os simbolistas franceses. Desenvolve uma intensa actividade jornalística e, em 1892, integrando uma representação diplomática, desloca-se a Espanha, onde entabula amizade com os escritores modernistas e da Geração de 98. Em 1905 é nomeado embaixador, residindo a partir de então em Paris e em Madrid. Quando eclode a Primeira Guerra Mundial volta à Nicarágua, onde morre.
A primeira obra importante de Rubén Darío é Azul, obra em prosa e em verso. Prosas profanas, colectânea de poemas, assinala o triunfo da nova sensibilidade poética, estando nele presentes os principais elementos do modernismo: o exotismo, os ritmos franceses, a sensualidade, a ornamentação e o colorido. Cantos de vida y esperanza contém poemas mais íntimos e de uma maior simplicidade expressiva. É evidente e decisiva a influência directa de Rubén Darío no desenvolvimento da poesia de língua castelhana do século xx.

fonte: http://www.vidaslusofonas.pt/ruben_dario.htm

Share




2 comentários:

Louvavel a divulgaçao do introdutor do modernismo na lingua castellana.
Lamento que se tenha escolhido um poema de menor expressão e não os poemas maiores. (A Roselvelt; Letanias a Don Quijote; La Marcha Triunfal; Sonatina)etc.
Leonel Navas Zamora

Oi, Leonel.

Obrigado pela visita ao blog. Na verdade, a seleção deste poema corresponde à pauta deste mês de fevereiro para a Revista SAMIZDAT, que é o Carnaval.

Acabou calhando de encontrar este poema do Darío, mas anotaremos sua sugestão para edições futuras.

Abraços.

Postar um comentário