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segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Noite de chuva


Ela andava por um beco escuro. Passos apressados, com medo. A capa de chuva cobria o collant e a calça suada que ela usara na academia. Acabara de voltar da aula de dança. Nada a fazia mais feliz do que aquela hora e meia de aula... E foi quando se lembrou da coreografia do dia que ela se deparou com um moreno forte e mal-encarado.
- Tá sorrindo pra mim é, lindona?
Ela tentou avançar, sem sucesso. Aqueles braços musculosos e sujos de graxa impediam seu caminho.
- Onde você pensa que vai, boneca?
- Você não tem nada a ver com isso. Dá licença, por favor?
- Hummm. Que educação. Olha aqui garota, saiba você que eu tenho tudo a ver com isso, porque você vai comigo agora praquele cantinho.
E dito isso ele já foi empurrando-a para o ambiente sujo, fétido e escuro.
- Não, por favor, me deixa ir embora. Eu te dou todo o meu dinheiro, toma. É seu.
- Quem disse que eu quero grana, princesa? Eu quero você.
- Por favor...
E nisso ele já tinha aberto a capa e já abaixava a alça do collant.
- Não, por favor...
- Hum, que peitinho gostoso. Vou mamar você todinha.
- Por favor...
- Ai, pede, pede mais que eu fico louco.
- Me deixa ir...
- Que barriguinha...
- Socorro!
Com violência, ele tapou sua boca e puxou seu cabelo.
- Olha aqui, gostosinha. Gemer pode, mas gritar não. Assim eu perco a paciência.
E isso parece que o deixou com mais tesão ainda, pois num minuto ele rasgou o collant e colocou o seu membro naquele buraco quentinho.
- Hum, sua safada. Tá molhadinha, hein? Tá gostando do papai aqui, tá?
- Me deixa ir embora - dizia ela cerrando os dentes e arranhando a lataria do carro onde estava deitada.
- Eu deixo, mas antes vou fazer a festa, sua cadela - disse o moreno dando um tabefe naquelas fuças.
- Ai, não precisa me bater. Eu fico quietinha.
- Ah vai ficar quietinha, é? Mas eu não quero não, sua piranha. Quero te ver gemendo, gritando. Quero te ver gozando, vai.
- Por favoooooor...
- Isso vai, assim que eu gosto. Já está até perdendo a voz.
- Me deixa ir embora...
- Sem acabar o serviço?
Dito isso, ele a virou de quatro e retomou os trabalhos cada vez com mais força.
Ela não sabia se chorava ou se gemia.
- Ai... por favor...
- Vamos parar com essa educação? Me manda meter, vai.
- Como assim?
- Manda logo, porra.
- Mete.
- Assim não, tá muito fraco. Quero ouvir alto.
- Meeeete.
- Mais forte.
- Mete!
- Ta melhorando. De novo.
- Mete, cacete.
- Isso! Assim que eu gosto.
- Mete logo essa porra!
- Hummm.
Era o que faltava pro garanhão gozar.
- Agora pode ir, cadela. E não esquece: você nunca me viu na vida, hein? Sei onde você mora e vou infernizar tua vida se tu der com a língua nos dentes.

Em casa, já no chuveiro, ela não conseguia esquecer o que tinha acabado de acontecer. E nunca contou pra ninguém, nem pra sua analista. Mas todo dia de noite sonhava com o tal moreno. E acordava com o lençol encharcado.

Para ler os textos anteriores da autora, clique aqui.

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9 comentários:

Este comentário foi removido pelo autor.

Se você diz que escreveu, eu acredito, mas «buraco quentinho», «tabefe naquelas fuças» e a conclusão remetem para um ponto de vista masculino e/ou misógino do narrador.
Senhoras, pronunciem-se!

Isso mesmo, Joaquim! Fico feliz de você dizer isso. Pra mim, um dos grandes baratos de ser escritora é esse: se colocar no lugar de pessoas com gênero, condição social e realidades de vida completamente diferentes da nossa própria.

Como fiz nos contos-denúncia em que me coloquei (eu, a narradora) no lugar de um pedófilo. Obviamente não preciso ser pedófila para escrever ficção como se fosse uma, não é mesmo?

Um destes contos foi minha estreia na SAMIZDAT e foi, na época, comentado por você, Joaquim. No link: http://www.revistasamizdat.com/2009/03/no-confessionario.html

Bjs!

Este comentário foi removido pelo autor.

Perdão, Mariana.
Mas encontrei uma essência um tanto depreciativa, embora eu seja homem tambem.

Não querendo desmerecer teu trabalho, pois as pessoas escrevem sobre o que bem entendem e se foi aprovado pela administração do blog não sou ninguém para julgar, mas creio que seria ao menos ético enunciar o conto como algo de extremo erotismo.

Mariana: pense seriamente na possibilidade de participar de nossa oficina da SAMIZDAT. Gostaria de comentar alguns detalhes desse conto.

Vinícius,

Não entendi o seu "creio que seria ao menos ético enunciar o conto como algo de extremo erotismo". Extremo erotismo é algo assim tão assustador para nós adultos de maneira que tenhamos que avisar ao leitor antes de ele ler?

E "Encontrei uma essência um tanto depreciativa, embora eu seja homem também"... Ao narrar um estupro, meu caro, não estou depreciando a imagem do homem, estou apenas contando um ato que é praticado por alguns homens, ou por acaso você acha que só podemos escrever sobre coisas lindas e belas? Então não se façam mais livros e filmes sobre as sandices de Hitler, sobre as guerras, sobre o 11 de setembro, assim estaremos "depreciando" a imagem dos homens, não é mesmo?

Deus me livre de viver num mundo literário com tamanha censura!

Não falo por mim, cara Marianna, nem mesmo quero censurá-la.

Mas vale explicitar que não só "adultos como nós" acessam a web.

Não, de maneira alguma, intuito atentar à teu trabalho, apenas sugestionar algo que seria, pelo menos na minha opnião, mais ético.

Abraços.

Então, Vinícius. Nós fizemos uma edição inteira de contos eróticos - e alguns muito mais eróticos que este. E até hoje, não veio a mãe de nenhuma criança aqui para dizer que somos pervertidos corruptores de menores. Os menores estão mais ocupados procurando fotos e vídeos de sacanagem... bom seria se lessem literatura erótica.

Para a Mari: não compreendo bem o tom da sua queixa contra censura. Os comentaristas não têm nenhum poder de censurar a revista. O que estão autorizados é a ler, e a expressar sua opinião. E isso, até onde se sabe, é permitido.

E aos rapazes caretas: por favor, né, gurizada! Ampliando os horizontes!

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