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quarta-feira, 18 de março de 2009

Nós, mulheres, as eternas insatisfeitas

(Maristela Scheuer Deves)

Está ali, no espelho: esse cabelo não toma jeito, mesmo! Quem dera ele fosse igual ao daquela colega, ou ao daquela outra amiga... Duvido que haja mulher que não tenha ainda vivido essa cena. Eu, pelo menos, ainda não entendi por que Deus me fez nascer de cabelos lisos, quando sempre adorei vê-los ondulados. E vai baby liss, rolos, horas no salão de beleza para deixá-los cheios de cachinhos - isso de vez em quando, pois já que a natureza não quis assim, meu bolso se recusa a acompanhar o preço das manobras necessárias para driblar a genética. A cor, claro, também precisa ser mudada de vez em quando. Ora, onde já se viu, quem escolheu esse castanho sem sal para colorir minhas madeixas?

Por essas e outras, fico pasma quando amigas me contam das escovas e chapinhas que fazem para domar os rebeldes cabelos crespos. Fico com vontade de perguntar se querem trocar seus crespos pelo meu escorrido... Aliás, não é só o cabelo que tenho vontade de "intercambiar", às vezes, com outras eternas insatisfeitas como eu. Agora que cheguei no meu peso ideal (até passei um pouquinho, confesso), desisti de querer uns quilinhos emprestados de quem sofre para perdê-los, mas continuaria aceitando doações, se fosse possível, daquelas que reclamam dos seios volumosos demais. E eu, que sonho em um dia ter verba suficiente para botar silicone!

E meus tão desejados olhos verdes? Minha mãe tem olhos verdes, minha irmã também, e idem os meus dois sobrinhos Por que a maldita genética me deu olhos castanhos? Já que nunca conseguiria usar lentes, torço agora para que um dia a minha prole herde o verde-esmeralda que eu não herdei. Ah, meus filhos poderiam, também, serem loiros, já que a mãe deles não é... Quanto à altura, meus 30 (e poucos) anos não me permitem mais sonhar em ultrapassar os 1,63 metro. Assim, a solução são os sapatos de salto alto (acostumei tanto que nem consigo mais andar sem eles).

Pelo menos, adoro as minhas unhas, longas, em vez daquelas quadradas que acho tão horrorosas - viu? Nem todo mundo é um defeito completo! A vantagem é que estou mais satisfeita e menos complexada do que há alguns anos, pois consegui vencer o estigma de ser muito magra. Já imaginou, cabelos lisos, castanhos, olhos castanhos, baixinha, e ainda por cima magérrima? Sim, eu sei, não passar dos 50 quilos é o sonho de muitas candidatas a modelo, mas euzinha sou uma simples jornalista que sempre quis ter formas arredondadas. Só tenho de me cuidar, agora, para não entrar no time das gordinhas. Aliás (suspiros), a minha cintura já não tem mais 60 centímetros...

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Maristela Scheuer Deves
Jornalista por formação e escritora por vocação. Atua como editora assistente de Variedades no jornal Pioneiro, de Caxias do Sul/RS, em cujo site também mantém o blog Palavra Escrita, voltado ao mundo dos livros. Escreve desde que consegue se lembrar, e atualmente prepara para publicação seu terceiro livro, o infantil "Os Deliciosos Biscoitos de Oma Guerta", contemplado pelo Financiarte. De sua autoria, já estão nas livrarias o romance policial "A Culpa é dos Teus Pais" e o infanto-juvenil "O Caso do Buraco".
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