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quarta-feira, 25 de março de 2009

Eterníndia

Aborígine desta terra de Alencar,
Deusa de Martin,
Acaricio tua linda pele ainda morna do ocaso.
A areia escorre entre meus dedos
Como a vida que se vai...

Os grânulos voltam à praia.
Aguardam outra mão que os afague,
Amores que nele rolem,
Qualquer coisa...

Encanto-me em pensar que mal vivi duas décadas
E estas bilenares areias já ha muito aqui estão.
Foram cenários de digladiares tupi,
Cataclismos... Fenômenos mil que os meus olhos não creriam.
Viram cenas de ódio e de paixões,
Ouviram sussurros, cantos, vida... Vida...

Um dia não mais poderei acariciar-te, Iracema.
Presentearei este cetro à posteridade.
Verás outros dedos te tocarem,
Outras vidas a te verem... Te irem...

Testemunharás o futuro desta terra.
Ouvirás o que nunca sonhei.
Assistirás ao resto deste conto universal como nunca cogitei.
Outros cantarão tuas belezas.
Mas talvez me ausente apenas parte de uma eternidade
E, quem sabe, ti vivo novamente...





Fortaleza, Praia de Iracema, 26 de junho de 1996 – 22h.
Poesia premiada no I festival de poesias da casa de Juvenal Galeno


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