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segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Uma Noite

Guilherme Augusto Rodrigues

Era uma noite fresca e estrelada. A lua cheia clareava parte do quarto escarlate. O vento suave esvoaçava as cortinas grenás. De robe de cetim e sentada na poltrona, pensando na vida e fumando um cigarro. Quando, de repente, sente um calafrio. Algo diz:
– Boa noite, querida.
– Quem está aqui? Qual é seu nome? – perguntou assustada.
– Que importa meu nome e quem sou se temos uma noite linda somente para nós?
Com medo e frio, ficou calada. Não havia respostas.
Sentiu uma mão morna e leve esfregar-se em uma de suas pernas, mas não era uma mão, não era nada, apenas sentia. Não via nada. Sentia sua presença.
Era bom e gostava. Deliciava-se. Nunca tinha sentido nada igual. Deixou-o prosseguir.
Por toda a noite ficou se contorcendo e gemendo. Arranhava, apertava os lençóis com as mãos e mordia os lábios.
O que era? Não era, não era. Continuou dominada por este ser sem ser. Não importava, queria mais, muito mais.
Uma grande explosão no céu desfez tudo num instante.
– Vou embora.
– Não, não vá. Fique comigo.
– É hora de ir. Preciso.
– Não o verei mais? Não voltará?
Foi-se da mesma forma que chegou.
A mulher, vertiginosa, chorou...
Desde então a noite passou para um tom melancólico e romântico.

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