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sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Dona Sonia e o ponto G- Giselle Sato


Finalmente descobri o mundo da internet. Depois de ter presenteado todos os netos, comprei um laptop bem bonitinho e cheio de recursos. Li por acaso os casos quentes que acontecem on-line e queria experimentar. Apesar de não ser uma mocinha, sou bem fogosa. Desde que o falecido partiu desta para melhor, ou pior, amargo uma sede de quase dez anos. Fogo eu sempre tive, mas a família decidiu que estou idosa e não posso mais ter desejo. Minha vida agora são filhos, netos e toda a chatice que abomino. Não suporto novelas e não sei tricotar.

Em um site bobo de encontros, vi a chance de sair da rotina e satisfazer a curiosidade. Meu interesse foi crescendo, conforme as conversas aconteciam. Muitos eram inteligentes, educados e interessantes. Mas sempre puxavam papo sobre sexo e a conversa terminava quente. Assim que me identifiquei com alguns, selecionei e comecei a me soltar. Juro que era apenas uma brincadeira sem maiores pretensões. Mas não posso negar que se transformou em um vício.

Cheguei correndo das compras e fui ver quem estava on-line. Não estava muito cheio, normalmente as coisas acontecem de madrugada. Em compensação, mal entrei começaram a chamadas... Depois do perfil que criei, era só sentar e ficar esperando os peixes comerem a isca. Primeiro, roubei as fotos da minha filha mais nova usando um biquíni mínimo. Coisa antiga de dez anos atrás e dei uns retoques. Em seguida, menti a idade descaradamente, dos maus vividos cinqüenta e oito anos, descontei vinte e fiquei no lucro. Aceitei muitos novos amigos e a coisa ficou tão boa que teve até uma mulher interessada. Não descartei qualquer hipótese. Sou muito curiosa.
O garoto de 25 anos com cara de bebê entrou na tela. Papo bobo, perguntas sem graça e fui obrigada a ajudar. Onze e meia, sábado o que ele queria com uma senhora? Falar sobre o tempo.... O menino era muito tímido, em meia hora estava pelado diante da câmera, falando as maiores barbaridades. Assisti tudo até a última gotinha. Logo em seguida, o show terminou sem nem boa noite. Excluí o mal educado. O segundo amiguinho da noite era o solitário carente aproveitando o sono da esposa. Também queria exibir os dotes. O recurso de câmera ficou claro no meu apelido: Soninha webcam. Mais explícito impossível.

O mal casado tinha problemas visíveis de dimensões mínimas. Pediu que eu ligasse minha câmera e mostrasse os seios. Claro que não podia fazer isto e ele desistiu. A esta altura, eu já estava teclando com meu paquera virtual, falando obscenidades e me masturbando loucamente:

- Se estivesse aí, te fazia gozar na minha boca. - Ele ficava repetindo mil vezes as mesmas coisas e comecei a fantasiar...

Se ele estivesse naquele instante comigo, deitados no tapete macio, meia luz e o ar impregnado de tesão. O que eu não faria com aquele homem! Viajei na voz macia e podia sentir o gosto daquela pele suada. O cheiro dele eu sabia, acabei comprando o perfume que ele garantiu usar. Meu peito quase explodia em uma dor urgente. Olhos grudados na tela do PC, estremeci de prazer e gozamos juntos. Ele saiu imediatamente e eu fiquei ''off ''alguns segundos. Este era especial, quase diário, sentia como se fosse um compromisso. Sempre esperava por ele e quando não aparecia ficava um pouco triste. Nunca vou ver pessoalmente qualquer um deles e não me incomodo nem um pouco. Nos meus sonhos, eles criam vida e são amantes perfeitos.

Uma e meia da manhã recebi um e-mail delicioso de um coleguinha, várias fotos dele, nu, em poses variadas. Engraçado como as pessoas são loucas enviando fotografias e falando toda a vida. Logo em seguida, comecei a conversar com um homem com o apelido de Carinhoso e Sedutor. Ele tinha um papo envolvente, conversamos um pouco sem falar sobre sexo. Ele queria que eu participasse, disse que a câmera estava quebrada e ele insistiu:

- Se não quiser mostrar o rosto, fique à vontade. Mas é bem melhor a dois, minha linda.

- Eu gosto de olhar, é uma opção pessoal não me exibir.

- Se você se satisfaz desta forma, não está mais aqui quem falou. Ok? Eu apenas sugeri, mas a decisão é sua, meu amor.

Não sei o que deu na minha cabeça, diminuí as luzes e direcionei o foco para a parte inferior do corpo. Era minha primeira vez e estava excitadíssima. Agradeci o hábito da depilação mensal. Ele elogiou e pediu que eu focalizasse bem cada detalhe. Não sei o que ele conseguia enxergar com a luz tão baixa, mas ele estava animado. Os dedos deslizaram para o meio das pernas e deixei que ele ditasse as regras:
- Quero que toque de leve, só por cima... Assim, sem pressa, agora vai usar só um dedinho e roçar o grelinho. Aumenta a luz um pouquinho, meu amor?

Pronto, aquele homem lindo me chamando de “meu amor”, desmontou a resistência. Joguei a luz quase em iluminação ginecológica e esperei. Já sentia a umidade natural aumentar só pensando no que viria:

- Linda, minha flor branquinha e delicada. Quase sem pelos e do jeito que eu gosto. Agora vamos brincar um pouquinho. Vou pedir e você acompanha, pode ser?

Ele ia mandando e eu obedecia sem o menor pudor. O anonimato garantia a coragem de me expor e partilhar com o desconhecido meus desejos. Os dedos entravam e saíam, apertavam e buscavam pontos que ele dizia conhecer bem. Foi quando toquei pela primeira vez o pedacinho de carne, logo na entrada da vagina, tateando senti a pele mais áspera que o normal. Ali friccionei e senti um prazer agudo e doloroso. As solas dos pés queimavam e a sensação forte subia pelas pernas. Senti que era uma agonia sem fim aquele toque. Foi tão súbito e intenso que me desmanchei em gemidos altos. Já nem olhava a tela e pouco me importava o que ele fazia. Precisa gozar ou morreria. O orgasmo mais incrível chegou sofrido e pouco a pouco, cresceu e me engoliu. Perdi o fôlego completamente entregue...

Totalmente mole e satisfeita, vi que meu parceiro também estava se recompondo. Fiquei imaginando porque um homem tão bonito usava a internet:

- Oi, meu lindo, não consegui te dar muita atenção.

- Que isso? Soninha, você foi maravilhosa, fiquei excitado só te ouvindo gozar.
- Posso te fazer uma pergunta? Acho que não devo ser a primeira, mas...

- Olha, querida, você está curiosa sobre a minha aparência e vou ser bem direto. Sou acompanhante e não gosto de ser chamado de garoto de programa. Minhas clientes são bem selecionadas e a coisa acontece de outra maneira. Tenho nível superior, fiquei desempregado e descobri que posso ganhar bem mais desta forma.

- Nossa! Tudo assim de supetão me pegou desprevenida. Você parece um homem interessante. Infelizmente, continuo não entendo as razões do que aconteceu agora.

- Normalmente a grande maioria que gosta deste recurso são pessoas solitárias. É minha propaganda bem direta e sem disfarces. Divulgo meus dotes no amor. Mostro meu jeito e acho que dá certo.

- Muito esperto o mocinho. Até me interessei, mas não sou exatamente...

- Já imaginava, Soninha, e não tem a menor importância. Vou mandar meus contatos. Não deixe de ligar. Beijos, querida, preciso dormir e você também. Boa noite, linda!

Fiquei um bom tempo olhando os números na tela. Lentamente peguei a agenda e anotei. Definitivamente, era um caso a se pensar com carinho. Sair do virtual e cair na real parecia uma proposta irresistível. Além do mais, ele era um profissional e eu já tinha experimentado a amostra grátis. Suspirei profundamente e pensei em lingeries e quartos de motel. Nem sabia mais como era isso... Bendita internet!




Foto- Ricardo Pozzo

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