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quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Mitos, mitos, mitos

Joaquim Bispo
A pressão comercial criou o mito do Pai Natal.
Antes, havia o mito cristão: uma virgem engravidou de uma entidade extraterrestre ou sobrenatural. A esse filho foram atribuídos feitos sobrenaturais: milagres. A história dos Romanos (uma espécie de americanos da altura) não deu por ele, o que não impediu que a lenda crescesse exponencialmente nos séculos seguintes. Nos últimos tempos, porém, tornava-se difícil transformar em paradigma do consumo o nascimento, no ambiente sórdido de um estábulo, de uma figura que acabou em situação não menos deplorável.
Um velho, meio avô excêntrico, meio palhaço, que voa de trenó, vive no Pólo Norte e dá objectos de consumo a todas as crianças, foi o mito que veio preencher a necessidade duma figura glamorosa ultra rica, que gasta a rodos. É claro que não é uma entidade sobrenatural que esvazia a carteira…

Muito gostam os inventores de mitos de pôr figuras antropomórficas a voar! Como na imaginária pré-contemporânea, barroca, sobretudo, em que figuras aladas de todos os tamanhos voavam em revoadas compactas em todas as direcções e tornavam incontrolável o espaço aéreo, também o Pai Natal foi criado como voador. Nada disto é bom para a, já de si, difícil decifração do mundo real, por parte da criança, que assim recebe, de quem mais confia, um acréscimo de dificuldade, uma mentira. Não se faz!

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