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sexta-feira, 20 de junho de 2008

O Templo dos sorrisos

Alian Moroz

Tristeza tremenda invadiu minha mente esta semana. Junto com minha esposa, percorremos o bairro num passeio diferente e saudosista. Visitar casas e bairros onde já havíamos morado, transportou nossas lembranças, já a tanto guardadas, para as retinas.
Lugares de benevolente memória e românticas obras. Um desses ambientes, preferido algures por mim, era o Bar do Velho Inácio. Uma antiga construção de esquina onde eu, junto com velhos camaradas, tomava minha cota etílica, acompanhado de uma boa conversa e risos da piada mal contada; todos conheciam, mas era sempre descrita de um modo diferente.
O velho Inácio com seu sorriso sempre amigo, por debaixo daquele bigodão lusitano já grisalho, era farto.
Saudades em meu coração, não compartilhadas por meu fígado, visto, hoje, ser um abstêmio.

Olhei com surpresa que o antigo local de encontro dos já distantes amigos e colegas de juventude tornara-se um templo para arrecadação, não de sorrisos, mas de moedas para o céu. O velho Inácio havia morrido e o templo das risadas, do pão com bolinho, e do pastel, nem sempre frescos, havia sucumbido em sua finalidade e fora transformado, de maneira herege, em mais uma igrejinha de seita desconhecida.

Poderia o simpático bar vir a ser um templo para discussões filosóficas ou poéticas, como o velho Inácio gostava de realizar todos os sábados à noite, mas não, fora também sucumbido perante os apóstolos do nada e sacrificado em nome da alienação. Estou de luto esta semana. Inácio não merecia isso. Sorte de Deus: o velho era ateu, senão, estaria agüentando as argumentações pertinentes do sábio amigo.

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2 comentários:

Nostalgia. Adoro bar antigo, sinto que tem mil histórias e gosto de imaginar outras pessoas, épocas...realmente um texto que despertou saudades. Do Bar Brasil que eu tanto aprecio.

Alguns dizem que não vivemos de passado, mas acho essas pessoas são pobre de cultura , pois o que seríamos de nós sem o passado. Ás vezes me lembro daquele barzinho em que eu e alguns colegas ficávamos nos finais de semana conversando e trocando idéias e ouvindo uma banda que tocava músicas do Renata Russo, Paulo Ricardo, Cazuza, era tão bom sinto mtas sddd daquela época. Hj esse local virou um estacionamento. Mas se k passo por perto como um sonho em minha mente recordo de cada momento e só me resta a dor da sdddd.

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