Este mês de março marcará a história de Nova York.
A cabeça do governador Eliot Spitzer rolou por causa dum escândalo sexual e, em seu lugar, assumiu Patterson - o primeiro governador negro no estado e, ao mesmo, o primeiro governador cego da nação.
O que surpreende não é o escândalo sexual, não é o fato dum político estar envolvido numa rede de prostituição, ter gasto uns 80 mil dólares para satisfazer seu apetite sexual. Outros políticos norte-americanos já passaram pelo constrangimento de ter sua vida íntima escandarada, inclusive o ocupante do cargo máximo, o notório caso Bill Clinton-Monica Lewinsky. O próprio governador substituto se adiantou e, no segundo dia no cargo, já abriu a intimidade e revelou que ele e a esposa cometeram adultério anteriormente.
Este tipo de puladas de cerca não surpreendem, aliás, numa cultura patriarcal, muita gente acha o máximo - e de direito - que o homem dê suas escapadas. Encontram argumentos na genética, nas sociedades primitivas, na religião, ou em qualquer outra fonte duvidosa, mas sempre apresentam algum argumento "irrefutável" para a instituição do adultério.
Um dos aspectos curiosos do caso Spitzer é que, como dizem, o pobre coitado "cavou a própria sepultura". É dele a lei que torna o cliente de prostituição também um criminoso, passível de ir para a cadeia. E poucos duvidam de que Spitzer também verá o sol nascer quadrado.
Mas o mais surpreendente, na minha opinião, é o "fenômeno Kirsten", como assim o batizaremos.
O nome verdadeiro da "Kirsten" é Ashley Alexandra Dupre, 22 anos, descrita pelo próprio ex-governador como "a mulher mais sexy que já conheci".
Assim que a relação entre Spitzer e a rede de prostituição foi exposta, toda a imprensa se desesperou para descobrir a identidade da prostituta que chegava a cobrar 6 mil dólares por uma única noite. No fim do novelo, estava Ashley.
Spitzer foi demonizado, capa de todos os jornais, execrado pela opinião pública, motivo de chacota, mas a singela e inocente Kirsten atingiu o estrelato em menos de 48 horas.
Descobriram que o grande sonho da moça era se tornar cantora, que teve uma infância difícil, e que fazia bico de garota de programa enquanto tentava lançar sua carreira artística, ou seja, um caminho percorrido por muitos que estão sob os holofotes hoje em dia.
Uma santa, tentando apenas alcançar a fama. E conseguiu, da maneira mais inusitada possível. Precisou que alguém fosse decapitado para que a estrela de Kirsten brilhasse. Logo os MP3 com as péssimas músicas dela estavam nas paradas de sucesso: as canções mais pedidas nas rádios, vendas meteóricas na internet. Estima-se que ela arrecadou, em poucos dias, quase 600 mil dólares com sua "carreira artística".
Simplesmente extraordinário! Nenhum marqueteiro poderia ter planejado melhor estratégia de publicidade.
Muito artista deve estar agora vagando pelas ruas, resmungando consigo próprio: "também quero dar para um governador..."
Enquanto isto, na Holanda, onde drogas ilícitas leves, prostituição e pornografia são permitidas - mais do isto, quase um patrimônio público -, foi aprovada uma lei autorizando também sexo em parques, ao céu aberto, durante a noite. Lá, Kirsten não seria uma pop star, no máximo, estaria se exibindo numa vitrine para os transeuntes.
"Eu devia ter nascido na Holanda", é que deve se passar na mente do ex-governador de NY, neste exato instante.
1 comentários:
... pois é, de monica lewinsky a monica veloso, desde que o mundo é mundo, o desejo empurra a vida pra frente... num certo momento da história, eram queimadas como bruxas hereges... hoje, viram capa de revista e arrasam carreiras políticas... haja hipocrisia! ao menos, o prefeito novo foi mais esperto e, antes que alguem falasse alguma coisa, já foi avisando... quem não tiver pecado, que atire a primeira pedra!
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