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domingo, 24 de fevereiro de 2008

Peixe Seco
(de Priscila Lopes)

Girava, girava (saltos no ar)
Juntando os elementos da terra
- Mas vai durar? Até quando?
Por que é tão frágil o que nasce
da pedra?
Era um peixe quase golfinho
tamanha a peraltice
– prateava o céu azul
Infantil e lindo –
não percebia o turista deslumbrado:
o peixe estava partindo.

Era um peixe quase pássaro;
à noite, tentava ser gaivota:
salt-ar gaivoando
das águas – arriscar se perder,
sim, arriscava. Lá embaixo
o escuro assombrava:
nem de algas nem de plânctons mas de latas
sacolas plásticas, pequenos dejetos, restos
de placas, e algumas lágrimas:
aDeus.

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