Billy Bob Jones nasceu numa grande família feliz. Seu pai, Jiminy Bob Jones, era um milionário, que fizera seu dinheiro construindo aterros sanitários. Possuía diversas mansões, porém a que mais gostava localizava-se no centro de um de seus aterros, o maior de todos eles.
Quando a Alta Sociedade da cidade soube que Jiminy Bob construiria uma casa de vinte e dois aposentos dentro de um lixão, as reações foram diversas:
“Ora, que original!”.
“Apenas uma mente mui engenhosa deselvolveria tal idéia!”.
“Mais uma inovação de Jiminy Bob Jones, o pioneiro!”.
Na verdade, o verdadeiro motivo pelo qual o pai de Billy Bob construíra sua mansão dentro de um lixão, era o fato dele ser clinicamente insano.
Jiminy Bob, como muitos antes de sua família, tinha uma propensão genética a tumores cerebrais.
Alguns de seus antepassados ficaram cegos, outros surdos.
Jiminy Bob ficara louco.
Fora isso, Billy Bob crescera feliz, e amava seu pai, mesmo quando ele aparecia em sua escola particular apenas com uma toalha enrolada na cintura, seus seios masculinos balançando, reclamando que o duende tinha cagado na banheira de novo.
Era de se esperar que Billy Bob manifestasse algum sintoma neurológico da patologia que permeava sua árvore genealógica. No caso de Billy Bob, o tumor em seu cérebro causou anosmia, ou perda do olfato.
Aos doze anos fora operado. Porém, a cirurgia deixou uma sequela inesperada: Billy Bob desenvolvera um problema no cérebro. Quando seu cérebro recebia a informação de um odor e o classificava como “bom”, ele enviava para Billy Bob o sinal de “ruim”. Ou seja, para Billy Bob, cheiro de rosas em um campo pareciam muito como esterco velho, e vice versa.
Como morava em um lixão, Billy Bob não se importava. Porém, sua condição lhe obrigava a ficar confinado em tal morada.
Para resolver o problema de sua educação, seus pais contrataram professores particulares, que eram obrigados a usar roupas mergulhadas no lixo e em fezes para dar as aulas de Billy Bob. Para impedir vômitos, Jiminy Bob lhes dava máscaras de oxigênio, e para impedir a recusa, muito, mas muito, dinheiro.
Com dezoito anos, Billy Bob perdera os pais num acidente automobilístico: O carro deles fora atingido por um caminhão de lixo, dirigido por um lixeiro e seu companheiro, Jack Daniels. Mais uma ironia para a lista da família Jones.
Billy Bob chorou durante dias. Amava muito seus pais, e suas mortes lhe pegaram de surpresa.
Decidira então sair para conhecer o mundo, ver as coisas como eram, adquirir alguma experiência fora de sua mansão no lixão.
Mudara de idéia no momento que saíra do alcance dos doces e suaves aromas do aterro sanitário que chamava de lar. Dera meia volta e se abrigara nos vapores aromáticos do lixão.
Nessa mesma noite, Billy Bob foi dormir pensando em como mudar o mundo ao seu redor, em benefício das pessoas, que precisavam conviver com aquele cheiro horrível, e nem se davam conta disso.
Foi nesse ponto que a insanidade de Billy Bob começou a bater na porta de sua mente.
Dormira, e em seu sono, a resposta veio. Era de simples conceito, porém de execução complicada. Mas não importava: Ele era filho de Jiminy Bob Jones, e isso significava apenas uma coisa:
Dedicação.
Bem, duas coisas: Dedicação e loucura.
Billy Bob passou então os próximos doze anos de sua vida estudando engenharia espacial. Durante esse tempo, contratara algumas das mais brilhantes jovens mentes da engenharia e da tecnologia espacial. Investira quase todo o seu dinheiro na Bolsa, e graças mais à sorte do que à conhecimentos ecônomicos, aumentara sua fortuna em dez vezes.
Finalmente, aos 28, Billy Bob Jones, umas das mais ricas e inteligentes mentes do mundo, revelou sua idéia:
Ele enviaria grande parte do lixo do mundo, retirado dos maiores aterros sanitários da Terra, para o Sol, em grandes contâineres de sua própria criação, construídos por ele e por seus cientistas, tão ávidos por mudança quanto ele.
O mundo aplaudiu a idéia de Billy Bob. Logo, os contâiners foram levados por todo o planeta, coletando o lixo de enormes aterros sanitários. Em pouco tempo, os contâiners se posicionaram de bases por todo o globo, e seriam lançados sincronizadamente.
Durante a contagem regressiva, o mundo aplaudia. Fotos do excêntrico bilionário Billy Bob Jones circulavam por todos os noticiários do mundo. Jornalistas diziam que ele seria mais um no hall de grandes mentes da história da Humanidade.
Em sua casa, Billy Bob acompanhava a contagem em seu laboratório pessoal. Esperava ansioso pelo momento que coroaria sua grandeza.
(É necessário notar que, nesse ponto, a loucura já tinha se assentado completamente na cabeça de Billy Bob. Ele constantemente falava sozinho, e até via duendes ocasionalmente, talvez mais uma herança de seu pai. Só que o seu duende cagava no tapete da sala, ao invés de na banheira.)
Começou a contagem.
10; 9; 8; 7; 6; 5; 4; 3; 2; 1:
Lançamento!
Aplausos ecoaram pelas maiores avenidas do planeta. Os contâiners foram levados por foguetes para o Sol.
Bem, pelo menos esse era o plano.
Em certo ponto, ainda próximos da Terra, os contâiners explodiram. Quantidades inacreditáveis de lixo entraram em órbita, transformando nosso planeta em uma rocha fedida no meio do espaço.
Civilizações caíram, a selvageria tomou conta do povo, religiosos clamaram o perdão de Deus, o Apocalipse havia chegado.
E no meio de tudo isso, Billy Bob Jones caminhava sereno pelas ruas, com seu detonador na mão, um sorriso no rosto, e respirando mais fundo do que nunca.
terça-feira, 19 de fevereiro de 2008
Como Billy Bob Jones mudou o Mundo
por Pedro Faria
3 Comentários
3 comentários:
Muito bom, que idéia original, nunca imaginei nada semelhante.Divertida leitura.
ADOREEEEi aiuwheiuawheiwuahewiuahewiauhewaiueh
Ri demais imaginando a cena! aiuwheiawuheawiuheaiuwe
Hahaha ótimo fim
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