Minha vida com Stella
Ainda não sei se sou louco ou apenas idiota, mas isso não importa. O que importa é que essa história não é sobre loucura ou idiotice, ou mais nada desse tipo.
Essa história é sobre Stella.
Preciso começar dizendo que não acreditava no sobrenatural. Eu era um cético, e adorava isso. Porém, os últimos quinze anos da minha me dizem que deve existir alguma coisa que não compreendemos, por que senão tenho que me inclinar à hipótese de minha própria loucura. Eu sei que dizem que aqueles que são realmente loucos nunca se reconhecem como tal, mas não tenho como saber se isso é provado, ou se é apenas aceito por todos. O que, ironicamente, nega um pouco a tese que apresento neste parágrafo, sobre minha queda do ceticismo.
No dia em que a conheci, meu estado de espírito era o pior possível. Eu tinha vinte anos e estava saindo de uma escola (não lembro bem qual) na qual tinha feito uma prova para um cargo público (nem isso consigo lembrar direito). Tinha acabado de ter me ferrado na prova, que já fiz de mau humor pelo fato de minha namorada, cujo nome também não lembro, ter terminado comigo na noite anterior, e fui um dos primeiros a sair do prédio. Passei resmungando por alguns carros estacionados mais próximos do local, e fui em direção ao meu, um Maverick, hoje nada mais do que um pedaço de sucata. Foi no carro ao lado do meu que ela estava apoiada, olhando na direção do caminho do qual eu vinha. E quando eu olhei para ela, algo dentro de mim mudou.
Eu acho que esse seria o momento no qual eu descreveria para você, que está lendo isso, a beleza inigualável dela, a qualidade angelical de sua voz, a cândida suavidade de sua alva tez, certo?
Nada disso.
Stella era bem mais baixa do que eu (ele tinha 1,60, eu 1,90), sua pele era morena, e ela tinha várias cicatrizes no braço, além de algumas espinhas no rosto. Seus cabelos eram castanhos, e alisados artificialmente. Não sei porque eu percebi isso na hora, só sei que percebi. Seus olhos eram negros, e devo lhes dizer que foram eles que me fizeram parar no ato de abrir a porta do carro.
Meu Deus, aqueles olhos! Eles eram as únicas partes incríveis em um corpo que nada mais tinha de especial. Nada mais mesmo. Eu a vi de longe, e nem pensei duas vezes nela. Porém, ao ver seus olhos eu parei e a encarei, talvez por uns vinte segundos.
Ela percebeu meu olhar, e sorriu.
- Olá, tudo bem?
A voz dela vinha de algum lugar muito distante. Ela teve que repetir a pergunta mais duas vezes (ainda com o mesmo sorriso divertido no rosto) antes que eu desviasse meu olhar dos olhos dela.
- Ah, sim, desculpe, eu estava pensando em alguma coisa, perdão... – Eu me atrapalhava cada vez mais, mas depois de alguns segundos consegui me recompor e fui ter com ela.
Não lembro muito daquela nossa primeira conversa. Só lembro que nos apresentamos, e então ela me disse que estava esperando alguém que estava fazendo a prova. Lembro que conversamos por alguns minutos, até que, do nada, senti um súbito impulso de beijá-la. Logo me censurei por isso. Ela esperava alguém, mais do que provavelmente um namorado, e além do mais, seria irracional tentar roubar um beijo de uma garota que, francamente, não era nem assim tão bonita.
Ela resolveu o assunto por nós dois.
- Você quer ir fazer alguma coisa? Pegar um cinema, talvez?
Admito que aquilo fora estranho. Mais estranho ainda foi o fato de que meu sentimento predominante naquela hora não era de surpresa, e sim de felicidade.
Concordei na hora em ir ao cinema. Para falar a verdade, disse a ela que sabia de um filme muito bom que estava passando. O que eu não disse foi que eu já tinha visto o filme.
Ele era realmente muito bom.
Você, Suposto Leitor, deve estar estranhando a velocidade com a qual as coisas aconteceram. Eu não os culpo. Foi tudo realmente muito estranho, e muito rápido. Do momento em que eu a vi pela primeira vez até o convite dela para um cinema, deve ter passado uns cinco minutos.
Não tinha passado muito do filme que víamos quando ela começou a me agarrar. Devo dizer que não sou nenhum puritano, mas em condições normais eu classificaria aquela garota como uma vagabunda, me aproveitaria, e nunca mais procuraria vê-la, dadas as coisas que fizemos naquela sala. Porém, como eu já disse antes, Stella não era uma garota normal, e, portanto, saímos do meio do filme e fomos para sua casa, aonde fizemos amor, e dormimos.
Quando eu acordei, ela ainda dormia. Eram quase sete da noite. Resolvi olhar um pouco a casa, já que admito que quando entramos, eu não prestei muita atenção na decoração, se é que me entendem.
A casa era normal, pequena, bem condizente com uma pessoa solteira. O bizarro era o fato de não haverem fotos em lugar nenhum que eu tenha visto. Claro que eu não fucei no armário nem nas gavetas dela. Estou falando dos lugares visíveis a qualquer um que entrasse lá.
Acho que vocês já perceberam que eu não disse a idade de Stella. Isso é porque eu não sabia. Até hoje eu não sei, e por incrível que pareça, eu nunca pensei em lhe perguntar. Estou lhes dizendo isso agora para que vocês possam compilar uma lista mental de tudo de estranho sobre Stella. Não estou dizendo que pára por aí, só estou tentando fazer um resumo.
Depois que ela acordou, ela me perguntou o que eu achava da casa.
- Bonita. Só achei estranho não terem fotos em lugar nenhum.
Quando eu disse isso, notei que seu sorriso sumira pela primeira vez desde que nos conhecemos mais cedo.
- É que eu acabei de me mudar. Só isso. Ainda não desempacotei tudo.
Como eu disse antes, tinha que existir alguma coisa a mais agindo, pois isso que ela tinha dito era uma mentira tão deslavada, que chegava a ser ridículo. Não haviam fotos, porém haviam vários quadros pendurados, além de eu não ter visto nenhuma caixa, nem no quarto dela, nem na cozinha ou no banheiro, nem na dispensa.
Só que eu acreditei.
Acreditei, por que logo depois dela ter mentido bem na minha cara, seu sorriso voltara e seus olhos me hipnotizaram de novo. Não contestei o que ela havia dito, mesmo sabendo, no fundo de minha mente, que algo estava errado. Apenas a abracei, a beijei, e fizemos amor de novo. E, mesmo sendo mentira, aquela fora a última informação pessoal que ela me deu. E ficamos juntos por um ano e meio.
“Espera aí”, vocês devem estar pensando. “Como ele namorou uma mulher por um ano e meio sem saber mais nada sobre ela, fora o nome (e mesmo assim só o primeiro) e onde ela vivia?”.
Fácil. Resumo para vocês em duas palavras:
Olhos e sexo.
Estranho, não é? Eu praticamente morei na casa dela durante esse período, e mesmo assim não me causou nenhum sentimento de estranheza o fato de ela não ter pendurado as fotos, o fato de ela ter dinheiro mesmo sem nenhum emprego visível, o fato de ela não ter amigos. Tudo isso era realmente muito estranho, porém eram coisas que não me importavam. Nem um pouco.
Porque eu tinha os olhos e o sexo.
Eu praticamente passei aquele ano e meio hipnotizado. Não lembro de muita coisa desse tempo. Para vocês terem uma idéia, durante esse período meu pai morreu, e eu não consigo lembrar direito do que. Às vezes eu acho que foi de infarto, às vezes ele foi atropelado, ou talvez um derrame cerebral. Lendo agora minhas anotações, aqui ao meu lado, lembro que realmente foi um infarto. Por isso que eu pensei nisso primeiro.
Não posso reclamar muito do meu primeiro tempo com Stella, porque de uma coisa eu lembro muito bem: Eu fui feliz. Tá certo que todo dinheiro que eu ganhava (no final das contas, eu tinha ido bem na prova e consegui o emprego) eu revertia para a felicidade dela, mas aí é que tá: A felicidade dela me deixava feliz. Foi um tempo muito bom, menos a maneiro como a qual ele acabou.
Uma mostra de nossa burrice: Transávamos quase todos os dias, sem nenhum tipo de preservativo. E ainda ficamos surpresos quando ela engravidou.
Nossas reações foram tão diferentes, quanto trágicas:
Eu fique exultante. A idéia de ter um filho com aquela mulher que eu amava (e naquele ponto eu não só a amava – eu a idolatrava) era a melhor coisa que eu poderia pensar. Como meu emprego era bom (e estável), e ela tinha o dinheiro-misterioso dela, não teríamos problemas financeiros. Moraríamos na casa dela até arranjarmos um lugar maior (um projeto que eu já tinha desde algumas semanas antes de descobrirmos a gravidez), já começaríamos a economizar para o futuro do bebê (apesar de não sermos muito extravagantes, já que passávamos a maior parte do tempo na casa dela), ou seja, seríamos uma grande família feliz. Eu sempre sonhei em ser pai, já que sempre considerei o meu um exemplo de homem. Por isso que hoje fico tão triste em não lembrar da morte dele.
Agora, Stella odiou. Passou os dias após a notícia de cama, o que eu estranhei, já que nunca a vira doente. Ela impediu todas as minhas tentativas de chamar um médico, dizendo que não precisava, que logo estaria bem. Mas, durante esses dias, em seu sono, ela repetia que me acordava todas as noites: “Agora não”.
No sétimo dia depois da descoberta, eu cheguei em casa e vi o que foi, até algum tempo, a pior visão de minha vida:
Nossa cama estava vazia. Stella tinha sumido.
Mas isso não era o pior: Os lençóis estavam encharcados de sangue, que cobria quase toda a superfície da cama.
Podem achar que não foi uma coisa muito masculina de se fazer, mas vendo aquela cena, soltei um grito e desmaiei.
Acordei, lembrando de um pesadelo horrível, no qual minha cama estava coberta em sangue e minha Stella tinha sumido. Quando notei que eu estivera dormindo no chão, percebi que não havia sido pesadelo nenhum.
O que houve depois está um pouco nebuloso em minha mente. Lembro de ter chamado a polícia, e de ter chorado, e de ter contado como ela era maravilhosa, e de rezar (isso mesmo, um ateu rezando! A coisa mais engraçada que vocês já viram) para que ela estivesse bem, e de ter pedido, pelo amor de Deus, achem-na, tragam-na de volta para mim!
Lembro também dos legistas chegando à conclusão de que ninguém sobreviveria sem aquela quantidade de sangue, e que quem quer que tenha feito aquilo tinha jogado alvejante, cloro, e outros produtos por sobre o sangue para impedir a identificação por DNA. Ainda fui considerado suspeito, mas fui liberado por falta de provas e pela minha reação: Acharam que eu teria que ser um ator muito bom para fingir aquele tipo de tristeza.
E lhes digo: Eu caí em depressão. Continuei no emprego, mas fazendo menos, me importando menos. Só não fui demitido por causa da estabilidade em si do trabalho. Passei seis anos como um robô. Continuei morando na casa dela (que já tínhamos passado para o nome de nós dois), só que havia perdido completamente a vontade de viver.
Até o dia que o telefone tocou, e era ela.
Tenho que dizer que, como vários outros momentos de minha vida associados à Stella, deste eu não me lembro totalmente. Lembro de ter quase pulado do sofá ao ouvir a voz dela. Lembro de ouvi-la chorando, implorando que eu fosse ajudá-la, que ela estava com problemas. Assim como o olhar dela me enchia de alegria, o som do choro dela me enchia de ódio. Ódio por qualquer coisa maligna que a fizesse chorar daquela maneira.
Perguntei onde ela estava. Ela me deu um endereço. Ficava a dez minutos de distância de nossa casa. Disse que chegaria em dois.
Acabou sendo mentira. Cheguei em três. Em minha defesa, eram onze e meia da noite e ainda tinham alguns carros na rua, que me impediram de passar de 120 por hora.
Ao chegar até o local, que era um prédio velho, toquei a campainha do apartamento que ela me dera.
Ninguém atendeu. Toquei de novo.
Uma campainha me avisou que a porta fora aberta. Entrei, e subi.
Defronte à porta do apartamento 19, parei pela primeira vez para olhar ao meu redor. O prédio era sujo, tinha ratos correndo pelo corredor, poças de urina e não tenho certeza, mas acho que passei por uma pilha de fezes humanas enquanto subia as escadas. Nesse momento eu poderia ter ido embora. Poderia ter virado as costas à porta e ter ido embora. Mas não fui.
Stella estava lá.
Não sei por qual motivo, só sei que precisava vê-la. Precisava de resposta. Aquele pequeno momento de racionalidade, no qual eu poderia ter pensado em como ela estava viva tendo perdido tanto sangue, porque ela tinha ido embora daquela maneira, o que ela estava fazendo numa espelunca como aquela, foi para o espaço quando lembrei de uma coisa.
Nosso bebê. Meu filho poderia estar vivo.
Nem bati na porta. Dei-lhe um chute e a arrombei.
A sala do apartamento 19 era quase igual ao corredor de onde saí, com a diferença de estar mais escuro, pelo fato das lâmpadas estarem apagadas e as cortinas fechadas. Era tão suja quanto, e emanava um cheiro horrível. E estava tão vazia quanto.
Gritei o nome de Stella. Ela gritou que estava no quarto.
Saí correndo na direção da voz dela.
O quarto ficava à minha esquerda. Abri a porta.
Lá, estava Stella, agora loira, mas fora isso exatamente igual ao que era, e tinha um homem deitado na cama. Ele estava com os braços e pernas amarrados, e em sua boca estava um grande pedaço de silver tape. Ele me encarava.
Não pude dizer nada. Ela correu e me abraçou, e me beijou. Olhou diretamente nos meus olhos.
Não preciso dizer a vocês o que isso fez.
Enquanto me beijava, ela destilou sua história.
Aparentemente, aquele homem a conhecera num bar, a drogara, e a levara para esse apartamento para violentá-la. Ao acordar, ela achara um bastão e o usara para derrubar o homem, e o amarrara depois.
Nessa hora meu ódio tinha chegado à superfície. Não tinha mais nada na minha cabeça a não ser machucar aquele homem. E ela leu meu olhar.
Perguntei a ela o que fazer. Ela me entregou um punhal, me mandou enfiá-lo no diafragma do homem, e ir rasgando até a base da cintura. Respondi que tudo bem.
Muitos assassinos tentam arranjar desculpas para o que fizeram. Eu tenho a desculpa perfeita: Eu estava sob o controle total de Stella. Nem cogitei não fazer isso. Simplesmente aceitei.
Ao olhar para o homem, aquele pequeno lado racional meu veio à tona. Não tinha nenhuma marca de golpe em seu rosto ou cabeça. Stella mentira para mim. E eu não me importava. Os olhos do homem me diziam que ele também aceitava seu destino. Stella o controlava também.
Não vou enrolá-los mais. Eu fiz aquilo. Enfiei a faca no homem, e praticamente o abri no meio. Fiquei coberto de sangue. Levantei ofegando, e me virei.
Stella sorria, parada ao pé da cama. Seus olhos brilhavam, e ela murmurava uma espécie de mantra. E ela estava mais linda do que nunca.
Saí de cima da cama e me ajoelhei diante dela. Não sei porque, só sei que me pareceu a coisa certa a fazer.
Os olhos dela brilhavam muito. Mas muito mesmo. Ela sorria, um sorriso maligno e malicioso. Olhou dentro dos meus olhos e me agradeceu. O som de sua voz saiu grave, e eu desmaiei, pela segunda vez nessa história.
Acordei em nossa casa. Tinha uma vaga lembrança de um pesadelo horrível envolvendo Stella. Levantei-me, tomei banho, tomei café, lavei a adaga sangrenta que estava em minha cama, e sentei-me no sofá. Bem, acho que vocês podem perceber onde está o erro nessa sentença.
O ato de lavar a lâmina fora mecânico. Só depois de me sentar ao sofá e segurar a faca limpa em minhas mãos, os eventos da noite anterior voltaram à minha mente. Chorei que nem um bebê.
Passei os próximos sete anos da mesma maneira do que os últimos seis. Como um robô.
Escrevo isso agora, pois preciso exorcizar meus próprios demônios. Jurei, depois daquela noite, tentar apagar Stella de minha mente. Mas não dá.
Stella não é o tipo de mulher que se esquece assim tão facilmente.
“Por que agora”, vocês devem se perguntar.
Pois eu a vi.
Depois de sete anos e meio, eu a vi novamente. Estava numa rua lotada, mas tenho certeza de que era ela. Só vi os olhos no meio do mar de gente, mas não tem como se enganar. Era ela.
Agora preciso me controlar. Eu não sei o que é Stella, só sei que não é uma mulher. Nem um ser humano. A frieza no olhar dela depois de eu ter matado aquele pobre homem cujo único crime deve ter sido olhar em seus olhos, foi demais.
Um demônio, uma harpia, Satã em forma de mulher, eu não sei. Só sei que não quero ter mais nada com ela. Não posso. Não sei se acredito no Céu, e em Deus, mas com certeza acredito no Inferno. De onde mais tal criatura, ao mesmo tempo adorável e maligna como ela poderia ter saído? Eu não consigo imaginar.
Só sei que não tenho mais nada. Apareço no emprego umas duas vezes por semana, não faço a barba há uns dois anos. Estou um caco. Agora que eu sei que ela está de volta, preciso tomar minha vida de volta. Preciso confrontá-la. E já tenho minha chance:
Comecei a escrever isso logo depois dela me ligar. Disse que queria me ver, e me deu um endereço. Era no mesmo prédio, e no mesmo apartamento.
Agora eu pego a arma que comprei. Vou levá-la, e tentar acabar com essa perversão. O pior é que eu não sei nada sobre o bebê. Será que ele ainda vive? Será que era isso que ela queria? Um filho para levar a diante seus intuitos? Agora entendo o significado daquele “agora não” que ela sussurrava em seu sono, ao descobrir sua gravidez. Talvez ela, ou eu, ou ambos, ainda não estivéssemos prontos para trazer ao mundo nossa cria.
Eu não sei. Só sei que vou até ela. E, se houver um Deus no céu, talvez ela não saia viva de lá. Isto é, se algo como ela puder morrer.
Sinceramente? Acho que vou chegar lá, ela vai me colocar para matar outro pobre coitado, eu vou desmaiar, e aparecer aqui novamente. Se isso acontecer, a arma será para mim. Mas talvez eu tenha uma chance. Talvez eu consiga me desvencilhar de seu olhar por tempo suficiente para acabar com ela.
Talvez. Mas eu acho que não.
Bem, é isso. Minha ama me chama.
Fiquem com Deus.
sábado, 19 de janeiro de 2008
Minha vida com Stella
por Pedro Faria
1 comentário
1 comentários:
Pedroooo
Como assim???
Ele foi lá?? Ele matou a Stella?? Ele se matou depois?? O que aconteceeeeu???
>_<
To curiosaaaa
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