Com algumas luzes
que roubei do dia,
edifico um palco
e nele instalo minha alquimia.
Expliquei,
com meu silêncio,
a descendência do erro
e continuei sendo uma incógnita
para mim mesmo.
Observei,
com minha ausência,
a natureza mesma das coisas
e na aparência em que elas se apóiam
sem contudo deixarem de ser neutras.
Passei despercebido
pelos camarotes
e toquei fogo
na indumentária
dos figurantes.
Depois deixei o palco,
circunspeto com as luzes
que teciam o óbvio de seu lume
para uma plateia inexistente.
E quando o dia incorporou
as poucas luzes que dele roubei
com sua claridade geral,
eu percebi o equívoco
de minha mágica noturna
ao acordar sozinho no vestiário.
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