O
atirador de facas
O atirador age calmo
e morno
mesmo o sangue do
baço perfurado
mesmo o sorriso de
olhos fechados
ganha o jogo quem
acertar sem querer
O herói do circo é
o atirador de facas
aos olhos da moça
pregada na parede
seus olhos tremem
O que ela quer
receber facas pelo
corpo
o fio dos dentes do
atirador de olhos azuis partindo suas postas.
Era uma vez uma
garota na ponte
eram olhos de
correnteza que a fitavam lá
de baixo.
Atirador, ela é nas
suas mãos
retalhada de olhos
fechados
de olhos abertos
fixos em seus olhos
de correnteza azul.
Enquanto você gira
para atirar
seu sorriso é morno
e seus olhos
continuam
correnteza. Suas
mãos
e meus olhos são
castanho–escuros.
Enquanto você ganha
meus seios e pele,
enquanto,
querido atirador,
escrevo
uma carta e mostro
o caminho para suas
lâminas
sei que você
tentará acertá–la.
Me atire, a garota
na ponte,
o sorriso na ponte,
seus olhos de
correnteza azul
na ponte.
Do livro O Caderno das inviabilidades, Editora Urutau.
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