Vez por outra, recebemos olhares enviesados apenas por demonstrar simpatia por determinado autor, músico, banda, cineasta, grupo de teatro, entre outros. Ora porque ninguém mais aguenta os seguidores, ora porque ninguém mais aguenta os seguidos. Neste momento desconfortável, já somos rotulados, com aquele ar superior e debochado, de "fã-de-tal-coisa", "o-que-quer-que-seja-zete". E, se negarmos a pecha, apontam que a negação e qualquer discussão posterior confirmam, precisamente, que estavam certos.
Não há quem conteste que há fãs maníaco-eufóricos-pé-no-saco, daqueles que defendem os ídolos como se irmãos - e tem até gente que sai por aí pregando humildade e diversos feitos e milagres, sem sequer ter trocado duas palavras com estas supostas entidades. Mas, não se pode generalizar: a simpatia em torno de uma obra não pressupõe, automaticamente, a submissão incontestável e incondicional à adoração por aqueles que a criaram. Afinal de contas, não é por gostar de pipoca que sou como os pombos, que engolem qualquer migalha ou caroço com que se depararam Ou como os peixes, desesperados, que mal diferenciam pedaço de pão e cuspe.
Fica, então, o aviso aos que tem sempre em mãos um punhado de alfinetes e etiquetas, prontos para alfinetar e categorizar seres humanos em suas restritas coleções de espécimes: a vida é feita de escolhas, mas a personalidade vai muito além disso, e sua variedade de facetas não se enquadra em qualquer esquema de organização, por mais metódico que seja.
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