Crônica de uma noite de chuva
Otávio Martins
Olhando pela janela do meu quarto, no terceiro andar, as luzes suspensas por altíssimos postes, dão-me a plena incerteza da distância, a qual, no momento estou interessado em, teoricamente, perceber entre mim e a minha amada. Modo de dizer, entre o meu quarto e a casa onde ela mora.
Tento fazer alguns cálculos, por cima, pelas lâmpadas, ou luzes, propriamente ditas e por mim aceitas. As primeiras apresentam-se com um intervalo de distância, mais ou menos regulares, claro, diminuindo, muito pouco, na medida em que se distanciam do ponto de partida que, eu mesmo, escolhi. Porém, depois da quinta ou sexta luz, devidamente acomodadas no pico dos postes, vão-se afastando, pior, formando um feixe, agrupadas. Perco a noção. O que talvez esteja longe, onde essas luzes quase se encontram, pode apresentar-se para mim, como um ponto “logo ali”. Explico a seguir:
Isso é só um passatempo para o meu ego; eu sei que a minha amada vive aquém das luzes, dos postes, das distâncias ou de qualquer referência visível. Pode parecer muita pretensão, mas a minha amada vive, romântica e, virtualmente junto ao meu coração. Costumo fazer esses cálculos, só pra prevalecer-me, ao final, dessa constatação: o meu amor está sempre perto, justo onde eu desejo que esteja.
Bagé 11.11.2013.
3 comentários:
Belíssimo texto! Talvez o momento que vivo, mas... é o que sinto exatamente: "Pode parecer muita pretensão, mas a minha amada vive, romântica e, virtualmente junto ao meu coração"
Boa noite Otávio,adoro seus textos ,você já sabe,passei para deixar o link de sua nova fan page no Facebook,onde as pessoas poderão conhecer mais sobre sua trajetória tão importante para a nossa música e também poderem ter mais informações sobre sua produção literária e musical atual. Convido a todos conhecerem a página do Otávio, abrações e agradeço o privilégio de poder ler suas crônicas aqui nesta revista genial!! Nadia Stabile https://www.facebook.com/otaviomartinsescritormusico
"talvez esteja longe, onde essas luzes..." o que pode estar mais distante que o objeto amado distorcido pela momentânea lucidez da "luz"?
Postar um comentário