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domingo, 16 de dezembro de 2012


Nenúfar

Tenho sido nenúfar 
[caule de água fria]
e faço farto amor com o rio
que segue mas nunca 
se desvia
dos meus pés-raízes
-sem terra que não buscam nada
não se apegam a nada
só balançam empurrados pela corrente
doce
Tenho sido corpo-flor
aberto à superfície e à volúpia 
do vento que me cobiça em desejos 
segredados
e espreito a claridade
que me franze os olhos
e invejo o pássaro que mora tão lá 
[em cima, acima]
e me arrepio com a chuva que lambe
meu pó
Hoje não quis 
ser o que tenho sido
e mergulhei para conhecer
-me inversa
submersa
mas minhas pétalas quebrantaram-se
ante o barro do fundo
e meu caule não foi capaz 
de tanta luz

Foto: Tela "Nenúfares" de Claude Monet

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Cinthia Kriemler
Formada em Comunicação Social/Relações Públicas pela Universidade de Brasília. Especialista em Estratégias de Comunicação, Mobilização e Marketing Social. Começou a escrever em 2007 (para o público), na oficina Desafio dos Escritores, de Marco Antunes. Autora do livro de contos “Para enfim me deitar na minha alma”, projeto aprovado pelo Fundo de Apoio à Cultura do Distrito Federal — FAC, e do livro de crônicas “Do todo que me cerca”. Participa de duas coletâneas de poesia e de uma de contos. Membro do Sindicato dos Escritores do Distrito Federal e da Rede de Escritoras Brasileiras — REBRA. Carioca. Mora em Brasília há mais de 40 anos. Uma filha e dois cachorros. Todos muito amados.
todo dia 16


5 comentários:

não nos devíamos(!) deixar sem comentários, sem uma palavrinha que dissesse: olhe, estou por aqui e leio o que escreve; e gosto! da prosa mais do que dos versos, mas gosto de uns e dos outros, e deixo beijos
assim, ou parecido :)

Cinthia, sou admirador de sua escrita desde seu primeiro conto que li (aquele que tem "outono" no título). E à medida que conheço seus versos, admiro cada vez mais sua poesia, rica em imagens e reflexões. Parabéns!

Fátima, obrigada! Eu também me prefiro na prosa, mas tem dias que ando amanhecendo versos.

Edelson, meu amigo, obrigada! Na poesia, engatinho. Mas fico feliz com elogios vindos de.escritores a mancheias como Fátima e você!

Um dia, escrevi sobre o luar: "Não importa se é luz própria/Ou do sol quando se ausenta/Tudo em volta faz brilhar/É assim como o artista/Quando ele se apresenta/Tem alguém pra iluminar..."
Pois é, Cinthia, não importa se em versos ou em prosa, o que importa é o olhar.
Otávio Martins.

Otávio, obrigada! Lindo isso sobre o luar. Logo eu, que brinco (?) de uivar pra lua. Vou levar a frase "... o que importa é o olhar". Abraço!

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