La Promenade sur la Falaise, Monet
O silêncio,
nada de rumores, conversas.
O silêncio
não fosse o quase-silêncio
da voz do arrependimento,
voz que grita: estupido que és!
Não há mais dramas repleto de personagens
assistidos por uma plateia também lotada,
apenas um monólogo para um teatro vazio.
Não há mais a dialética
que constrói o mundo,
somente um dogma patético...
Resta uma masturbação,
não há relação alguma,
nenhuma,
uma sequer...
Como o último habitante da terra,
sobrevivente de uma humanidade
que acordou extinta,
não sabemos se comemoramos sua condição heroica
ou lamentamos a plena solidão.
Como alguém que necessitasse
a interação, a troca, o diálogo
qual vegetal à luz,
padece e perece esse derradeiro ser,
sem uma mísera réstia de sol.
Porém terão morrido todos os homens,
não a esperança (o ato de quem espera),
e cremos que algum dia,
nalgum canto do teatro,
se fará ouvir não só a voz que grita estupido és!
quiçá, oxalá!, rebentará um broto de palavra alheia.
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