Paulo Bomfim nasceu em São Paulo no dia 30 de setembro de 1926.Iniciou suas atividades jornalísticas em 1945, no Correio Paulistano, indo a seguir para o Diário de São Paulo. Foi diretor de Relações Públicas da "Fundação Cásper Líbero". Na TV, produziu "Universidade na TV" no Canal 2, "Crônica da Cidade" e "Mappin Movietone" no canal 4. Apresentou no Rádio Gazeta, "Hora do Livro" e "Gazeta é Notícia".
Seu livro de estréia foi "Antônio Triste", publicado em 1947 com prefácio de Guilherme de Almeida e ilustrações de Tarsila do Amaral, premiado em 1948 pela Academia Brasileira de Letras com o "Prêmio Olavo Bilac".
Seu livro de estréia foi "Antônio Triste", publicado em 1947 com prefácio de Guilherme de Almeida e ilustrações de Tarsila do Amaral, premiado em 1948 pela Academia Brasileira de Letras com o "Prêmio Olavo Bilac".
Outras obras: "Transfiguração" (1951), "Relógio de Sol" (1952), "Armorial" (1954), "Sonetos"(1959), "Colecionador de Minutos", "Ramo de Rumos" (1961), "Sonetos da Vida e da Morte" (1963). "Tempo Reverso" (1964), "Canções" (1966), "Calendário" (1963), "Praia de Sonetos" (1981),"Sonetos do Caminho" (1983), "Súdito da Noite" (1992). Suas obras foram traduzidas para o alemão, o francês, o inglês, o italiano e o castelhano. Conquistou o "Troféu Juca Pato" em 1981. É hoje o decano da Academia Paulista de Letras.
Antônio Triste
Esguio como um poste da Avenida
Cheio de fios e de pensamentos,
Antônio era triste como as árvores
Despidas pelo inverno,
Alegre, às vezes, como a passarada
Nos fins da madrugada.
Sozinho, como os bancos de uma praça
Em noites de neblina,
Antônio, protegido de retalhos
Com seu cigarro aceso,
Lembrava-me um balão que, multicor,
Se vê no firmamento:
Não se sabe donde veio
Não se sabe aonde vai.
Não era velho
Nem era moço,
Não tinha idade
Antônio Triste.
Quando as luzes cansadas se apagavam
E as trevas devoravam a cidade,
Antônio Triste chorava e cantava:
À luz de um cigarro, bailava e rodava
Pelas ruas desertas e molhadas.
Mas, certa noite um varredor de rua,
Viu muito lixo no chão:
Tanto trapo amontoado,
Quase um balão de São João!
Um resto de cigarro num canto da boca,
A mecha se apagara.
Antônio, o triste balão de retalhos,
Findara!
Soneto I
Venho de longe, trago o pensamento
Banhado em velhos sais e maresias;
Arrasto velas rotas pelo vento
E mastros carregados de agonia.
Provenho desses mares esquecidos
Nos roteiros de há muito abandonados
E trago na retina diluídos
Os misteriosos portos não tocados.
Retenho dentro da alma, preso à quilha
Todo um mar de sargaços e de vozes,
E ainda procuro no horizonte a ilha
Onde sonham morrer os albatrozes...
Venho de longe a contornar a esmo,
O cabo das tormentas de mim mesmo.
A Água
Despe, na solidão da tarde,
Tua roupagem manchada de quotidiano,
E deixa que a chuva molhe teus cabelos
E vista teu corpo de escamas de prata.
Pousa, em teus ombros, o manto dos lagos
E colhe no cântaro de tuas mãos
A música dos dias que adormeceram
No fundo de teu ser.
Mármores líquidos moldarão teu corpo.
Nuvem,
Penetrarás a carne da manhã.
fonte do resumo biográfico: http://www.academiapaulistadeletras.org.br/cur_35.htm
1 comentários:
Gostaria de indicar o site do Jornalista, Professor Universitário e Escritos João Alves das Neves http://joaoalvesdasneves.blogspot.com/2009/07/letras-brasileiras-paulo-bomfim.htmlque e seu texto sobre o Poeta Paulo Bomfim
Fabíola Nese
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